miércoles, 1 de julio de 2009

Mark Driscoll


Mark Driscoll não está usando nada diferente daquilo que usa em qualquer outro dia. Ele está vestindo seu uniforme de pastor calça Jeans e camisa para fora da calça com os dois botões de cima abertos. Fala num tom suave, indicando uma voz bem desgastada.Começa falando sobre as lições aprendidas como plantador de igrejas apresentando conselhos de senso comum acerca do que leva os pastores a se queimarem no ministério. Driscoll, 36 anos, joga T-ball com seus três filhos ou alimenta patos com suas duas filhas. Coisas que dificilmente vão ocupar debates irados em blogs ou manifestações da igreja na rua. Enquanto a igreja de Driscoll, Mars Hill Church, em Seattle, chegava aos 6 mil membros em 11 anos, momentos tranqüilos como esses com sua família preservavam muito de sua sanidade.“Estou jogando pesado agora”, Driscoll diz para futuros plantadores de igreja na reunião de Março da Acts 29, sua rede de 170 igrejas ao redor do mundo. “Esgotei minha taxa de adrenalina no fim do ano passado, de tanta que a usei. Meu sono ficou comprometido por meses.” Driscoll deve ter adrenalina extra guardada, porque ele se empolga ao recontar a história de Mars Hill.“Meu primeiro grupo era formado por solteiros alternativos e roqueiros punks anarquistas”, diz. “Não tinham nada a dizer, não eram organizados e nem ofertavam generosamente. Se eu dissesse que ‘todo mundo pagava o dízimo’, bem, só se fosse em cigarros”.Driscoll não consegue ficar muito tempo em frente a uma multidão sem agitar o ambiente. Isso é o que se espera de um pastor que aprendeu como pregar assistindo ao comediante Chris Rock. Quando você vê, ele já tem a atenção de todo mundo. “Se você tiver que ser um fundamentalista ou moralista… pegue coisas como tomar banho com sua esposa para falar de legalismo”, diz Driscoll com sua voz distinta e grave. “Não pegue nada estúpido como ‘não ouça rock’. Não sei quem são os responsáveis pelas escolhas dos temas legalistas, mas estão escolhendo os piores. Coma carne, tome banho junto e tire um cochilo – estes seriam os meus legalismos. Essas são coisas que posso fazer”.Driscoll “parece um desses arrogantes universitários, veteranos de fraternidades”, diz The Seattle Times. Culpado da acusação. Se ele não o tivesse ofendido, você nunca teria lido seus livros ou ouvido seus sermões. Em qualquer domingo, em Mars Hill, é possível que um bombeiro-chefe visitante seja salvo. Mas isso será tão provável quanto alguém tirar satisfações com ele antes de ir embora.O espectro de reações das pessoas é a resposta para a sua língua afiada – sua maior força e sua indiscutível fraqueza. Mas Driscoll também incomoda muitos companheiros evangélicos porque ele não parece se posicionar com respeito às fronteiras que nos dividem. Sua categórica teologia reformada foi absorvida pela igreja emergente. Seu plano de ter uma grande igreja soa aos pós-modernistas como arrogância. Suas raízes na “igreja emergente” preocupa os calvinistas. Ninguém demonstra apoio a ele. Talvez por isso todos apontem suas armas para ele.Histórias diferentes – Driscoll me deu um abraço cordial quando nos encontramos em sua bela casa nova, situada numa agradável vizinhança onde você não esperaria encontrar esse pastor com reputação de “bad boy”. Sua testa parecia normal, não tinha inclinação (evidência de baixo QI). Ele também não estava bêbado. E se estivesse portando uma arma de fogo eu não poderia ver. Isso é o suficiente, levando em conta os estereótipos que os leitores da Christianity Today devem ter sobre ele, disse Driscoll.Driscoll ganhou esta reputação quando milhares se encontraram com ele no Donald Miller’s Blue Like Jazz como Mark, o “Pastor Bocudo”. Seu background apresenta Driscoll não como um rebelde, mas como alguém acima da média. Seus colegas de escola em Seattle o elegeram presidente do Grêmio Estudantil. Ele também foi capitão do time de beisebol e editou o jornal da escola. Ele não havia lido a Bíblia até chegar à faculdade, quando folheou uma NVI oferecida pela atraente filha de um pastor. A princípio, Driscoll tomou o partido dos fariseus porque admirava seu autocontrole. Mas Deus logo lhe revelou que Jesus era o verdadeiro herói. Driscoll também ouviu de Deus que deveria se casar com a filha daquele pastor, hoje sua esposa, Grace.Depois da faculdade, ele retornou para Seattle e trabalhou com estudantes universitários por um ano na equipe da Antioch Bible Church, uma das poucas grandes igrejas da região. Menos de 10% dos moradores de Seattle se identificam como evangélicos, e menos ainda continuam cultuando nas principais igrejas protestantes ou na Igreja Católica Romana. Em 1996, Driscoll fundou a Mars Hill, porque ele não via uma igreja em Seattle que compartilhasse sua visão de missão.Ele agora usa os cultos de domingo para preparar os membros da igreja para ser missionários em Seattle. A estratégia de aproximação requer um alto grau de assimilação cultural, característica que compartilha com outros líderes emergentes. Por enquanto, Mars Hill tem feito contato com muitos moradores de Seattle através do Paradox, um concerto local promovido pela igreja e que recebe bandas sem vínculos cristãos. Antes disso, era um estudo bíblico ao ar livre, onde era permitido fumar, que fazia crescer a igreja.No início da Mars Hill, Driscoll teve problemas para encontrar o equilíbrio entre uma sólida ortodoxia teológica e métodos flexíveis para alcançar as pessoas.“Eu também não expliquei de forma escrita onde éramos teologicamente conservadores e culturalmente liberais, o que causou grande confusão. Metade da igreja estava com raiva da outra metade que fumava, enquanto a outra metade estava com raiva porque eu ensinava a Bíblia”, Driscoll escreve em Confessions of a Reformission Rev.A igreja de aparência e ambiente nada convencionais atraiu grande atenção local, às vezes positiva. O templo principal é numa antiga loja da Napa Auto Parts, em Ballard, um distrito industrial que está cedendo espaço para hipsters urbanos. O simples e espaçoso edifício acomoda 1.200 pessoas num auditório escuro. Casais jovens rapidamente enchem o espaço do berçário.A mobilização tem início bem antes dos cultos de domingo começarem, dando à adoração um ambiente de concerto. Muito embora eu tenha chegado mais de meia hora antes para o culto das 9h, os estudantes universitários rapidamente me cercaram e guardaram lugar na frente para os amigos. A música tem um jeito de rock alternativo.Dois seguranças ladeavam o palco. Vestindo camisetas pretas apertadas e com os braços cruzados acentuando seus bíceps, eles permaneciam encarando a congregação. Fones de ouvido os conectam com o aparato de segurança de Mars Hill. Logo após uma das entradas da igreja está o quartel-general, apelidado de “sala de guerra”. Tudo isso parece exagero – até você ouvir as histórias:


Collin Hansen é editor associado da Christianity Today. Seu livro sobre o ressurgimento da teologia reformada entre jovens evangélicos será publicado pela Crossway em 2008.

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